Dízimos, tá certo?

Dízimos, tá certo?
Dízimos, tá certo?
 
Quando Deus fala em trazer os dízimos para que haja mantimento no Templo, foi pelo fato de os Levitas terem ficado sem terras na divisão entre as 12 Tribos, e a sobrevivência deles ficou determinada (por Deus) que seria por meio dos dízimos dado pelas demais tribos.
    
Os dízimos eram, como diz Malaquias, em forma de mantimentos, ou seja, cereais e rebanhos, e este mandamento de dar o dízimo era, naquele tempo, só para Israel, afinal, a tribo levita era descendente da tribo de Levi, genuinamente israelita.
   
Pela Graça somos salvos. Nunca houve este mandamento para os cristãos, também vale dizer que não temos mais levitas entre nós. O ensinamento no Novo Testamento é que contribuamos com amor por causa da obra, e esta contribuição se chama oferta.

 

Quem não dá o dízimo não rouba a Deus. Primeiro porque se Deus me deu é meu. Eu, sendo pecador, sei que se dou algo pra você, é seu. Não me deve nada, afinal eu dei. Seria feio de minha parte dar algo pra você e falar “agora me devolve senão te ferro”. Se eu que sou pecador tenho essa consciência, quanto mais Deus que está acima das coisas materiais.
   
Levar 10% do dinheiro que ganho pra igreja não significa que estou entregando pra Deus. Talvez, se eu entregasse meu dízimo a um necessitado, eu estaria dizimando mais a Deus do que dando na igreja. Afinal, Jesus falou “quando dá alguma coisa pra um necessitado a mim você dá”. Mas Jesus nunca disse “quando der dinheiro na igreja pra mim você dá”.
   
Paulo foi muito enfático quando disse “Cada um dá conforme propõe o seu coração”. Não há dúvidas. Está claro. Não dê 10%, mas dê o que você quiser... 20%, 1%, 100%, 3%. Não existem regras pra dar. Você não peca porque dá 1%, se assim seu coração mandar. Não vemos Paulo (o grande doutrinador da igreja) falar sobre o dízimo uma vez sequer em suas cartas de exortação. Nem ele, nem Pedro, nem João. Nem ninguém no Novo Testamento. Se o dízimo fosse algo tão importante como algumas igrejas querem fazer parecer, com certeza algum apóstolo teria gasto pelo menos uma linha que seja falando dele nas epístolas.
    
Estamos debaixo da Graça e não debaixo da Lei. Esse é o argumento óbvio. Mas que todos desprezam. Dízimo é da Lei. Aquele negócio do devorador é um veredicto da Lei. Que sejam aplicados veredictos da Lei para quem está debaixo dela. Não pra quem está na Graça.
    
Me falam: Mas o dízimo não é da Lei. Ele existe antes da Lei de Moisés. Abraão deu o dízimo. E daí? Abraão sacrificou um novilho. Você vai sacrificar? O Sábado existe antes da Lei também. Na verdade, existe antes de Abraão. Foi o próprio Deus quem guardou o sábado logo depois da criação do mundo. Eu encontro centenas de promessas para quem guarda o sábado, em diversos lugares da bíblia. Já pra quem dá o dízimo só existe uma promessa, em apenas uma passagem isolada. Porque pregar a parte da Lei que melhor nos convém? Queria saber qual o critério que usam pra anular uma parte da Lei que não convém e deixar outra em vigor.
   
Nem defensores do dízimo acreditam no que pregam. É comum pastores colocarem o carro no seguro. Mas espere. Se eles dão o dízimo, o devorador não seria repreendido? O devorador não é aquele que rouba e faz estrago material na vida dos não-dizimistas? Se o pastor dá o dízimo e crê nisso, porque coloca o carro no seguro? Eles não deveriam ter medo do devorador! Um pastor certa vez comentou: “Coloco meu carro no seguro porque temos que fazer a nossa parte”. Mas a nossa parte não é dizimar? E a parte de Deus repreender o roubador? Não é falando coisas assim que se perdem 15 minutos de culto todo dia?
    
10° Alguns partidários do dízimo tentarão, por fim, apresentar a passagem onde Jesus faz uma reprimenda a alguns fariseus, dizendo: “Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras” (Lucas 11:42). Jesus falava com fariseus, aqueles considerados “doutores da Lei”. Os fariseus tinham por hábito o pagamento do dízimo de tudo quanto podia ser dizimado. Se recebessem 10 ramos de hortelã, separavam um ramo para o dízimo. Logo, quando Jesus afirma que eles deveriam continuar dando o dízimo, ele apenas estava adaptando seu discurso à realidade farisaica, onde dizimar era natural. Os fariseus, contudo, eram tidos como hipócritas e iníquos (Mateus 23:28), ou seja, seguiam um aspecto da Lei, que era o dízimo, mas não eram devidamente piedosos. E é exatamente por isso que o Jesus disse que eles, os FARISEUS, deveriam continuar dando o dízimo, mas sem desprezar “o juízo e o amor de Deus”.
    
Agora, que tal adaptarmos a conversa de Jesus para os dias atuais? Pense num grupo de voluntários, formado por 15 pessoas, que doam seus finais de semana fazendo a alegria de pacientes terminais em hospitais. Mas essas 15 pessoas, embora aparentemente piedosas, são péssimos vizinhos, encrenqueiros, não cumprimentam as pessoas nas ruas, etc. Daí Jesus as encontra e diz: “Mas ai de vós, voluntários, que fazem caridade nos hospitais desta cidade, e desprezais o convívio fraterno com seus vizinhos. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras”. Estaria Jesus sentenciando que todas as pessoas da face da Terra deveriam se tornar voluntárias em hospitais, a partir dessa passagem? Evidente que não! De igual modo, o discurso de Jesus em Mateus 23:28 foi direcionado aos fariseus, que estavam sob a Lei, não à comunidade cristã! Além disso, os cristãos não estão mais sob a Lei (Gálatas 3:25).   Texto por FAMÍLIA CRISTÃ PAZ E BEM